segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

COMO APLICAR A EDUCAÇÃO EM DOR NA PRÁTICA CLÍNICA?

Resultado de imagem para pain neuroscience education

Algumas pessoas me perguntaram sobre isso lá no instagram (@ensinoemfisioterapia), então decidi falar um pouco mais sobre o assunto.

Sabemos que a Educação em Dor com base na Neurociência (EBN) - ou Pain Neuroscience Education (PNE) - não é bem tratamento.

Mas, também sabemos que é fundamental para o sucesso do tratamento das pessoas com dor - especialmente dor crônica.

Então vamos relembrar os objetivos da EBN:

  • Proporcionar conhecimento básico adequado sobre dor - conhecer para combater;
  • Diminuir crenças negativas, medos e mitos em relação a dor e, consequentemente, as limitações de atividades.

Uma das coisas que mais tento fazer com que os meus pacientes entendam é: 

Dor é um fenômeno multidimensional!

E pode ter certeza que apesar de parecer simples, isso não é tão fácil assim para explicar.

A maioria - pra não dizer todos - tem a ideia fixa que "se está doendo, é porque tem algo machucado."

É difícil pra eles entender que a dor pode ser influenciada por diversos fatores, como: emoções, pensamentos, estilo de vida, dentre muitas outras coisas.

Então fica a pergunta:

Como aplicar a EBN na prática clínica?

Na real, não existe resposta fechada pra essa pergunta, pois não existem protocolos pré-definidos.

O que existe são alguns artigos e algumas ferramentas que tentam facilitar esse processo.

No final eu vou deixar alguns links úteis pra você que se interessou pelo assunto, beleza?! 

Mas por enquanto vou falar como costumo fazer no meu dia a dia....

Eu costumo seguir a linha de primeiro identificar para depois "tratar". 

Até porque sempre levanto a bandeira que:

Paciente mal avaliado é paciente mal tratado!

Geralmente, primeiro eu tento identificar se o paciente apresenta muitos fatores psicossociais associados ou não ao quadro de dor - quanto mais fatores mais chances de cronificação. 

Como?

Você pode fazer isso por meio da velha e boa anamnese ou usar questionários específicos. 

Não importa como, o importante é você saber se o paciente tem ou não fatores associados e quais são esses fatores.  

É bom lembrar, que questionários e escalas por si só não servem pra muita coisa. 

Se você não interpretar as respostas do paciente e direcionar sua conduta de acordo, você vai ter um escore "frio" no final das  contas. 

Existem várias escalas e questionários, no final vou deixar alguns links, segura a onda aí. 

Vamos a um exemplo:

Digamos que você aplicou a escala de tampa para cinesiofobia (link no final) no seu paciente com dor lombar. 

O resultado deu uma pontuação alta. 
Ok, seu paciente tem um escore sugestivo para o quadro de cinesiofobia - medo de movimentar-se e sentir dor. 

Legal. E aí? 

E aí que é uma ótima oportunidade para você analisar as respostas individuais ao invés de olhar só para o resultado final.

Se o seu paciente respondeu, por exemplo, que "não é seguro para uma pessoa com a minha condição ser fisicamente ativo", é uma ótima oportunidade para você explicar justamente o oposto, pois você acabou de identificar uma crença negativa.

Lembra de um dos objetivos da EBN: Diminuir crenças negativas, medos e mitos em relação a dor e, consequentemente, as limitações de atividades.

De repente esse seu paciente tá deixando de fazer aquela caminhada matinal -  que super ajuda -, só porque algum vizinho curandeiro colocou na cabeça dele que "pessoas com problema de coluna não podem fazer exercícios". 

Hoje sabemos que o exercício é um importante aliado no tratamento da dor crônica, principalmente pelo que chamamos de "hipoalgesia induzida pelo exercício". 

Então de forma simples e objetiva é tipo assim:
- Dr., é realmente seguro eu fazer exercícios? Não vai aumentar minha dor na coluna?
- Seu João, exercício ajuda o corpo a produzir analgésicos naturais que são muito mais fortes que esse diclofenaco que o senhor adora tomar. 

Obviamente, que nesse caso você não vai sair mandando o paciente fazer exercício.

Tem todo um processo de prescrição: dosagem, frequência, intensidade, preferências do paciente, etc...

Mas isso é papo pra outra hora.

No site http://pesquisaemdor.com.br/ você encontra várias ferramentas que podem te ajudar a aplicar a EBN com o seu paciente.

Então é isso, não tem "receita de bolo" para usar a EBN na prática clínica.

Mas, se você conseguir fazer o seu paciente entender que a dor é um fenômeno multidimensional e desfazer algumas crenças negativas, você já fez muito e terá grandes chances de ter sucesso no tratamento. 

Enfim, quem sou pra dizer como você vai fazer ou deixar de fazer com o seu paciente, faz do teu jeito aí! 

Desde que você consiga o objetivo principal que é:

Melhorar a vida das pessoas que sofrem com dor,

Tá valendo!

Abraços

Prof. Alex Oliveira

Leitura sugerida e links úteis:


Artigo sobre EBN:

Artigo sobre hipoalgesia induzida pelo exercício:

Nenhum comentário:

Postar um comentário