Desde sempre, o homem estabelece relações entre si baseados na vida em comunidade. Tais ligações, são formadas em diversos ambientes nos quais a pessoa está inserida, incluindo no cuidado em saúde.
A prática clinica e as pesquisas, têm demonstrado que o efeito de um tratamento proposto a um paciente não é resultado exclusivo dos recursos terapêuticos ofertados em uma intervenção fisioterápica.
Em outras palavras, não basta somente você dominar a técnica manipulativa mais moderna no campo da terapia manual. Existem alguns efeitos não específicos às técnicas aplicadas, que possivelmente decorrem das relações construídas nesse processo conhecido como Aliança Terapêutica (AT).
Essa relação entre terapeuta e paciente em seu prognóstico é tão importante, que tem sido estudada e aplicada na prática clínica extensivamente, por meio da Prática Baseada em Evidências (PBE).
http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v12n5/a14v12n5.pdf
De forma sumária, a PBE envolve:
- evidência científica de alta qualidade;
- experiência clínica do profissional; e
- as preferências do paciente.
Portanto, preconiza-se que para ofertar um cuidado digno e de maneira efetiva, é necessária a integração entre esses três itens.
Por isso, a abordagem clínica deve ser vinculada ao paciente para que haja sucesso na intervenção. É fundamental que as metas do terapeuta e as expectativas/vontades do paciente estejam na mesma direção.
Metas realistas e por parte do terapeuta, expectativas realistas por parte do paciente e parceria de ambos, são componentes fundamentais para o sucesso no processo de recuperação de qualquer lesão/doença.
Apesar da importância da AT, poucas pesquisas ainda abordam esse tema. Até mesmo na formação acadêmica do fisioterapeuta, a relação terapeuta paciente as vezes (quase sempre) fica em segundo plano.
Os acadêmicos - e até muitos profissionais - ficam tão encantados com técnicas modernas e tecnologias mirabolantes que vem sendo usadas na fisioterapia, que muitas vezes, se quer, preocupam-se em ouvir as preferências ou anseios dos pacientes.
Pensam tanto em alimentar o próprio ego, mostrando que tem habilidade em usar determinada técnica, embasado por um artigo recente publicado em alguma revista de qualis A1 (ou não), que o "pobre" do paciente acaba sendo um mero espectador do seu "show particular".
Essa forma de conduta, geralmente, resulta em insucesso no tratamento. O profissional não pode focar-se exclusivamente no treinamento de suas habilidades para conquista de resultados específicos em suas propostas.
Recentes evidências na área da fisioterapia apontam que a construção da AT favorece desfechos em saúde positivos para o paciente, como o aumento da função e da sintomatologia dolorosa.(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27351690)
Além disso, a aliança estabelecida aumenta a satisfação e a adesão desse paciente com o tratamento ofertado.
Fisioterapeutas devem sempre buscar a otimização de sua relação com o paciente, sempre!
Buscando levar em consideração as preferências do paciente, construindo uma parceria de verdade, você terá muito mais chances de ter sucesso em seu tratamento. Não esquecendo de levar em consideração os outros pilares da PBE!
Lembrando, que a questão não é ser aquele "boa praça" que todos os pacientes gostam, mas que na hora do tratamento só faz "pimbice". A questão principal é ter, sobretudo, empatia*.
Uma dica simples para a construção dessa relação com o paciente - que também ajuda a motivá-lo -, é:
- Após todo atendimento, tente deixar alguma palavra positiva para o paciente sobre sua evolução.
Essa dica funciona muito bem quando o terapeuta tem parâmetros de avaliação, sejam esses qualitativos ou quantitativos.
Por exemplo:
"Contos de um Fisio"
Fisio - "Muito bem dona Maria, hoje a senhora conseguiu fazer bem o exercício."
Dona Maria - "É, mas eu senti um pouco de dor quando estava fazendo."
Fisio - "É assim mesmo. Lembra que no último atendimento a senhora nem conseguiu fazer? Hoje, mesmo com um pouco de dor, a senhora já conseguiu!"
Dona Maria - "Verdade, isso mostra que estou progredindo!"
Podem ter certeza que isso faz toda diferença para o paciente!
Até a próxima!
* = Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela agiria ou pensaria nas mesmas circunstâncias.
"Antes de apontar um problema, tenha ao menos uma sugestão para resolvê-lo."
Prof. Alex Oliveira
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